quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Êxodo de ideologias



Afinal, o que é a crença?
Penso que seja aquela que nos faz acreditar no impossível
Que nos faz acreditar em alguém, esquecendo toda a desavença
Mas, como todas as coisas, ela pode se mostrar falível
Ela é um simples sistema,
Que nos faz ter um forte vínculo
Mas quando ela termina é um grande problema,
E tal problema, nos faz refletir: “Como pude ser tão ridículo?”
Crer que o amor é eterno e que a vida é um mar de rosas
Que elogios eram de coração, e palavras eram sinceras
Que nossas brincadeiras fossem brincadeiras amorosas
E tudo aquilo era uma linda primavera
Não compensa continuar acreditando nessas besteiras
Ficar vivendo de medíocres lembranças
É hora de limpar toda essa sujeira,
Planejar certas mudanças
Planejar um êxodo de ideologias do meu coração,
Parar de acreditar e de me apaixonar tolamente,
Vou conviver com o amor só por educação,
Parei de me preocupar, só vou seguir em frente.

Aluno da 104 (Quem acerta qual?)

domingo, 11 de novembro de 2012

DICAS 4a AE (Parte 5)

HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS

HOMÔNIMOS: palavras que tê ou a grafia ou a pronúncia parecidas.

PARÔNIMOS: palavras parecidas, mas com grafia e pronúncia diferentes (cumprimento-comprimento, por exemplo)


DICAS 4a. AE (Parte 4)

EU e MIM


É comum surgir equívocos no uso dos pronomes pessoais, principalmente os do caso oblíquo. Contudo, uma dica importante fará com que não haja mais dúvidas a respeito desse assunto:
De acordo com a norma culta, após as preposições emprega-se a forma oblíqua dos pronomes pessoais. Veja:
1. Isso fica entre eu e ela. (Errado)
1. Isso fica entre mim e ela. (Certo) ou
2. Isso fica entre mim e ti.
Os pronomes do caso oblíquo exercem função de complemento, enquanto os pronomes pessoais do caso reto, de sujeito. Observe:
1. Ela olhou para mim com olhos amorosos (olhou para quem? Complemento: mim.).
2. Por favor, traga minha roupa para eu passar (quem irá praticar a ação de passar? Sujeito: eu.).
Vejamos a pergunta que dá título ao texto: Entre eu e você ou entre mim e você? Depois da explicação acima, constatamos que existe uma preposição: entre. Então, o correto é “Entre mim e você”, pois após a preposição usa-se pronome pessoal do caso oblíquo.
Da mesma forma será com as demais preposições: para mim e você, para mim e ti, sobre mim e ele, entre mim e ela, contra mim, por mim, etc. Veja:
a) Ele trouxe bolo para mim e para ti.
b) Ninguém está contra mim.
c) Você pode fazer isso por mim?
d) Sobre mim e você há uma nuvem de muitas bênçãos.

RESUMINDO

É errado usar o MIM como sujeito (para mim fazer).
É errado usar o EU como objeto (pediu para eu um presente)

Dicas 4a AE (Parte 3)

Alunos,

Observem a conjugação dos verbos VER e FAZER no modo SUBJUNTIVO (Esses verbos sempre causam confusão por serem irregulares).

FAZER
Se eu fazer a prova, posso passar de ano. (errado)

o certo é

Se eu fizer a prova, posso passar de ano. (fizer é o futuro do subjuntivo, fazer é infinitivo)



VER
Vale a mesma regra de cima.

(quando eu VIR minha amiga - certo
quando eu VER minha amiga -errado)


Dicas 4a AE (Parte 2)

Pessoal,

A 4a. AE está de lascar! Lembro-lhes que a interpretação das questões faz parte da prova (inclusive o significado de palavras) . Como sempre digo, podemos deduzir o significado das palavras através de sufixos, prefixos e radicais. Por exemplo:

DESMANTELADA - DES (voltar atrás)  MANT (radical de manter), ou seja, não manter mais, desfazer.

Além disso, procurem saber o significado de DEFLAGRADA, ASCENSO e AMBIGUIDADE.

(obs. não vai cair nenhuma questão sobre radicais e afixos, só estou relembrando uma estratégia de leitura).



DICAS 4a. AE

Alunos,

Como vocês sabem, estou desde ontem no quartel. Ainda assim, dá tempo de ajudá-los na revisão. Sugiro que vejam alguns dos temas abaixo e estudem os tempos modos verbais (entregues no RESUMÃO). 

Aí vão algumas dicas:

1. PRESSUPOSTOS

 Pressupostos – são ideias expressas de maneira explícita (clara), que surgem a partir do sentido de certa palavra.
Ex.: “O aluno ganhou o seu terceiro notebook na prova do SAERJ”.
# O que a palavra “terceiro” pressupõe?
Resposta: Que o aluno já ganhara outros 2 antes.

LEMBRE-SE: O pressuposto é explícito porque advém de uma palavra específica. Quando não há nenhuma palavra que indique uma informação, mas conseguimos interpretá-la através do contexto, chamamos de subentendido. 
Exemplo: “O aluno ganhou notebook na prova do SAERJ de novo!!!”
# O que está subentendido nesta fala dita em tom de indignação?
Resposta: Que a pessoa sente uma certa inveja com a conquista do outro.

QUIZ I (RESPONDAM NOS COMENTÁRIOS)

1. Identifique as informações pressupostas nas frases abaixo:
a) “Capital da Líbia volta a ser bombardeada”
b) “Estado do Rio registra primeiro caso de dengue tipo 4”
c) “Para Ronaldinho Gaúcho, proposta do Flamengo foi a melhor”
d) “Botafogo ainda não definiu treinador”
e) “Abel Braga volta a treinar o Fluminense”
f) “Vasco busca título inédito da Copa do Brasil”


2. 
a) “Você gostaria de ir ao cinema comigo qualquer dia?” (rapaz abordando uma moça numa festa)
b) “E você é simpático” (mulher respondendo a um elogio feito por um admirador que a chamou de bonita)
c) “A bolsa da senhora está pesada?” (um rapaz)
d) “Você tem horas?” (um homem apressado)
e) “Filho, leve o guarda-chuva” (mãe)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Êxodo de ideologias




Temos muitos talentos no Primeiro Ano. Esse talento se traduz em vídeos, textos, poemas e atitudes de vocês que sempre se doam. O texto abaixo é um exemplo. Curta.



Êxodo de ideologias
Afinal, o que é a crença?
Penso que seja aquela que nos faz acreditar no impossível
Que nos faz acreditar em alguém, esquecendo toda a desavença
Mas, como todas as coisas, ela pode se mostrar falível
Ela é um simples sistema,
Que nos faz ter um forte vínculo
Mas quando ela termina é um grande problema,
E tal problema, nos faz refletir: “Como pude ser tão ridículo?”
Crer que o amor é eterno e que a vida é um mar de rosas
Que elogios eram de coração, e palavras eram sinceras
Que nossas brincadeiras, fossem brincadeiras amorosas
E tudo aquilo, era uma linda primavera
Não compensa continuar acreditando nessas besteiras
Ficar vivendo de medíocres lembranças
É hora de limpar toda essa sujeira,
Planejar certas mudanças
Planejar um êxodo de ideologias do meu coração,
Parar de acreditar e de me apaixonar tolamente,
Vou conviver com o amor só por educação,
Parei de me preocupar, só vou seguir em frente.




domingo, 28 de outubro de 2012

Os (des)caminhos dos gêneros publicitários

Os gêneros publicitários são comuns em nossa rotina, pois somos constantemente bombardeados por anúncios, panfletos, outdoors, comerciais de tv, emails, dentre outras modalidades. Nesse sentido, nada mais coerente do que estudarmos esses gêneros, reconhecer seus recursos persuasivos e compreendermos o contexto sócio-histórico em que surgem.

Já estudamos, em sala de aula, a história e as características da publicidade. Agora, proponho uma ampliação desses conhecimentos através da reflexão sobre a relação entre publicidade, capitalismo e sociedade de consumo.

Somos cada vez mais impelidos a adquirir bens de consumo que surgem no mercado de forma rápida e descontrolada. Além dos textos lidos sobre consumismo, vejam o vídeo abaixo, que representa o modo como tais bens são diponibilizados no mercado e porque cada vez mais acabamos nos obrigando a consumi-los. O nome desse fenômeno vem sendo conhecido como OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA. Confiram e comentem! Vamos debater sobre o assunto para que saiam, depois, bons artigos de opinião.

http://www.youtube.com/watch?v=sfsc0bvKz1M




Outras informações sobre a publicidade no link:

http://www.slideshare.net/renatofrigo/a-historia-da-propaganda-no-mundo


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Coerdeiro ou co-herdeiro? A infinita discussão

Olá, caríssimos!!

Intrigada com um problema que surgiu em sala de aula a respeito da palavra "coerdeiro", pesquisei em muitos materiais e sites para dar uma resposta pontual a vocês. Os materiais, desde gramática a dicionários, parecem não estar de acordo quanto ao emprego do hífen nas palavras que utilizam o prefixo "co"+h. Assim, descobri o seguinte:

Achei uma notícia que dizia que a Acadêmia Brasileira de Letras havia alterado o acordo original quanto ao prefixo "co", que, mesmo com h, deveria ser usado sem hífen.

ttp://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/ult2781u920.jhtm

Não satisfeita, entrei no site da Acadêmia Brasileira de Letras, que regula todas essas formalidades e define o padrão brasileiro e procurei no dicionário online a palavra "coerdeiro"', encontrando-a, ao passo que não encontrei "co-herdeiro".


Ou seja, como é a ALB que regula a manutenção do vocabulário português brasileiro, devemos escrever "COERDEIRO", sem hífen.


Espero ter ajudado.


Att,

Ten Lorena

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Minhas cabecinhas engenhosas,



Segue um link para o Manual da Reforma Ortográfica, produzido por Dolglas Tuffano, pela editora Melhoramentos.

http://educampoparaense.org/site/media/download_gallery/Guia_Reforma_Ortografica_Melhoramentos.pdf


Salvem o arquivo no PC, pois vão usá-lo com frequência.


Ten. Lorena

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Recomendações sobre o trabalho

Olá, alunos!!

A entrega do trabalho sobre o conto está prevista para segunda-feira. Contudo, vocês podem entregar o trabalho escrito segunda e o vídeo na quinta. 

Assim sendo, observe as instruções:


1) Parte Escrita:

a) Tipo de Texto: RESENHA (Já estudamos resenha no bimestre passado e o livro também traz um capítulo sobre isso)


b) Conteúdo: Falar sobre o autor e resumir o enredo do conto e comentar sobre o conto. Ideias sobre o que analisar:
                * Quando o conto foi escrito? Em qual escola literária? 
                * O autor escreve qual tipo de conto (humor, terror, suspense,     
                crítica social?) 
                * A linguagem é mais atual ou mais antiga?
                * Há uso de figuras de linguagem?
                * O que chama a atenção no conto?

c) Elementos formais: 

* Trabalho digitado; 
* Capa: Margem superior: Colégio Militar de Curitiba
                                    Nomes e Números dos alunos


* No meio da folha, centralizado: Nome do conto e do autor

* Margem inferior: Curitiba, data 



* Alinhamento: justificado
* Letra: Arial 12


2) VÍDEO 
* Fazer o vídeo, observando e cuidando para que a imagem fique focada, o áudio claro, alto e limpo. 



Bom trabalho!!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Discurso Indireto Livre nos contos

Olá, fiéis companheiros de leitura!


Esse conto chama-se "Baleia", que é um conto independente, mas também uma parte do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O livro marca a história de uma família de retirantes, que enfrenta uma grande seca nos solos nordestinos. Baleia é o cachorro da família, quase mais humano do que eles.

Leiam o conto e tentem marcas as passagens em que ocorre DISCURSO INDIRETO LIVRE. Esse tipo de discurso ocorre quando um personagem pensa ou fala, mas o narrador não avisa ao leitor, insere tal pensamento ou ideia sem uso de aspas, travessões, ou mesmo verbos do tipo: disse, falou, perguntou, pensou, dentre outros.

Façam também um pequeno comentário ou, quem preferir, um resumo.

O link para o conto é:
http://www.tirodeletra.com.br/conto_canino/Baleia.htm


Segunda-feira, explico o discurso indireto livre e discutimos sobre o conto.
 Dicas sobre isso no livro e no link: http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/


Um abraço e até segunda, muchachos!!

domingo, 17 de junho de 2012

Dicas sobre a resenha a ser produzida

Olá, caríssimos! 

Escrever é uma atividade que exige concentração, atenção, revisão, mas, sobretudo, AUTORIA. Autoria é escrever com propriedade, com os conhecimentos que possuímos e com estilo próprio. Sendo assim, espero que vocês escolham um objeto cultural e façam uma crítica com base no que sabem! Não é necessário encontrar informações que não entendem, ou com as quais não concordam só para deixar o texto longo! 


Outra dica, que sempre evidencio em sala é o PLANEJAMENTO. Texto sem um roteiro tem muita chance de sair truncado, com problemas de articulação. Por isso, tentem adequar seus textos a esse roteiro básico:


Roteiro completo, com exemplificações e exercícios (passados em sala) nas páginas 483 a 488 do livro didático. 

TEXTO 
1º parágrafo: Introdução - Apresentação da obra, na qual poderá ser usada alguma intertextualidade. 
2º parágrafo: Descrição técnica - Data, origem, atores/diretor/autor, etc.
3º parágrafo: Resumo - Descrição sumária do enredo, ou, no caso de jogos e discos, descrição breve das características deles. 
4º parágrafo: Apreciação: Ressaltar pontos negativos e positivos da obra; fazer recomendação; finalizar.


Obs. Essa é uma ideia de como dividir os parágrafos, contudo, vocês podem dividir o texto em mais parágrafos se achar necessário. 
* Lembrar de usar sinônimos e hiperônimos no texto (coesivos estudados em sala). Eles também podem marcar uma apreciação positiva ou negativa.
Por exemplo: O DISCO = Essa pérola da música popular brasileira (apreciação positiva)
                                      = O álbum fracassado (apreciação negativa)


APRESENTAÇÃO:
- Indicação no cabeçalho do nome, número e turma do aluno;
- Preferencialmente em folha de papel almaço (nesse caso, produzir as informações acima na capa);
- Texto manuscrito, com letra legível, em até uma lauda/folha;
- Respeitar as margens, retirar picotes, não amassar, nem rasurar o trabalho. 


CORREÇÃO


Serão avaliados seis critérios, totalizando 20 escores. São eles:


Gênero (3 escores)
Argumentação/Informatividade (4 escores)
Coesão (4 escores)
Coerência (3 escores)
Gramaticalidade (4 escores) 
Apresentação (2 escores) 




Dúvidas? Deixem um recado!


Bom trabalho, com moral alta! 



sábado, 9 de junho de 2012

O conto da semana!


A escolha desse autor foi uma recomendação do aluno Batalha, muito significativa e propícia, pois Dalton Trevisan é um escritor curitibano e ganhou, nesse ano, o Prêmio Camões de Literatura. Obrigada, Batalha!

Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

Texto extraído do livro 
"Vinte Contos Menores",  Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.
Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Horla

Olá, cabecinhas maquiavélicas


Selecionei um conto um pouquinho maior para discutirmos "O Horla", são apenas 22 laudas (páginas), que vocês deverão ler e se preparar para as atividades.

Buuuuuuuuu


O LINK PARA O CONTO:


http://www.amatra3.com.br/uploaded_files/O%20Horla%5B1%5D.pdf

domingo, 20 de maio de 2012

Alegoria e interpretação de textos literários


Olá, pessoal.

Amanhã teremos VI e nela faremos a leitura de um conto, como combinado. Volta e meia nos deparamos com dificuldades de leitura em sala de aula, e já falamos sobre o caráter não literal dos textos. Ou seja, não lemos apenas o que está explícito, vamos além do meramente escrito para a leitura de mundo, para a leitura do contexto e das intencionalidades do autor. 
Assim, já discutimos sobre alegoria, quando falamos do conto O Cachorro canibal. Não vou cobrar esse conceito na prova, mas ele ajuda a entender o espanto, o impacto, as figuras construídas no enredo. Por isso, sugiro que você leiam sobre alegoria, será bastante útil. Tentei encontrar o conceito mais simplificado. 

Abraços


Uma alegoria (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público") é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos que o da simples compreensão ao literal. Diz b para significar a. Uma alegoria não precisa ser expressa no texto escrito: pode dirigir-se aos olhos e, com freqüência, encontra-se na pinturaescultura ou noutras formas de linguagem. Embora opere de maneira semelhante a outras figuras retóricas, a alegoria vai além da simples comparação da metáfora. A fábula e a parábola são exemplos genéricos (isto é, de gêneros textuais) de aplicação da alegoria, às vezes acompanhados de uma moral que deixa claro a relação entre o sentido literal e o sentido figurado.
João Adolfo Hansen estudou a alegoria e publicou seu estudo em Alegoria: construção e interpretação da metáfora, distinguindo a alegoria greco-romana (de natureza essencialmente linguística, não obstante o anacronismo) da alegoria cristão, também chamada de hexegese religiosa (na qual eventos, personagens e fatos históricos passam também a ser interpretados alegoricamente). Northrop Fryediscutiu o espectro da alegoria desde o que ele designou de "alegoria ingênua" da The Faerie Queene de Edmund Spenser as alegorias mais privadas da literatura de paradoxos moderna. Os personagens numa alegoria "ingênua" não são inteiramente tridimensionais, para cada aspecto de suas personalidades individuais e eventos que se abatem sobre eles personificam alguma qualidade moral ou outra abstração. A alegoria foi selecionada primeiro: os detalhes meramente a preenchem. Já que histórias expressivas são sempre aplicáveis a questões maiores, as alegorias podem ser lidas em muitas dessas histórias, algumas vezes distorcendo o significado explícito expresso pelo autor.
A alegoria tem sido uma forma favorita na literatura de praticamente todas as nações. As escrituras dos hebreus apresentam instâncias freqüentes dela, uma das mais belas sendo a comparação da história de Israel ao crescimento de uma vinha no Salmo 80. Na tradição rabínica, leituras alegóricas tem sido aplicadas em todos os textos, uma tradição que foi herdada pelos cristãos, para os quais as semelhanças alegóricas são a base da exegese.
Na literatura clássica duas das alegorias mais conhecidas são o mito da caverna na República de Platão (Livro VII) e a história do estômago e seus membros no discurso de Menenius Agrippa (Tito Lívio ii. 32); e várias ocorrem nas Metamorfoses de Ovídio.

A complicada arte de ver - Por Rubem Alves



Lembro que para o primeiro dia de aula desse ano, selecionei essa crônica para iniciar nossas atividades: a arte de ver. Relacionamos essa discussão aos textos, discutimos sobre tópico frasal e fizemos a compreensão do texto. Nesse dia, combinamos que iríamos treinar o nosso olhar e a nossa leitura para estratégias que nos permitissem ver, e, de certa forma, ler com olhos maduros. E aqui estamos nós, lendo tantos textos, discutindo sobre eles. Tenho certeza que esse é uma das formas de despertar nossos olhares: a prática de leitura. Obrigada por compartilharem esse espaço comigo, já são mais de 2000 acessos desde o começo do ano!


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!
Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.
Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.
Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004.

sábado, 19 de maio de 2012

Acentuação e escrita: o caso dos verbos


Uma dica de escrita básica sobre acentuação
Quando temos um verbo no infinitivo, e precisamos empregá-lo com um pronome átono (ou pronome pessoal do caso oblíquo), obtendo formas como usá-lo (verbo usar + pronome o), entretê-la (verbo entreter + pronome a), segui-lo (verbo seguir + pronome o) e pô-la (verbo pôr + pronome aé preciso acentuar a palavra que vem antes do hífen?
A resposta é: quase sempre.
Verbos terminados em arer e or, sempre tornam-se formas acentuadas. A única exceção é para os verbos terminados em ir, que só levam acento quando o “i” final for um HIATO.
Por isso, encontrá-lorecebê-la e instruí-la são acentuados, mas imprimi-lo fica sem acento.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

IMPORTANTE E FELIZ AVISO

Amanhã, 17/05, NÃO HAVERÁ PROVA, farei revisão. Aproveitem para estudar para as APs de amanhã das outras matérias.

Beijocas

RESENHA "A GUERRA DOS TRONOS", por Murilo Cardoso



A Guerra dos Tronos  (Game of Thrones)
Uma batalha medieval, envolvente e fascinante como poucas!

            A Guerra dos Tronos é o primeiro livro da saga As Crônicas de Gelo e Fogo (A Song of Ice and Fire). A coleção, vencedora de diversos prêmios como o Hugo Award, só foi trazida ao Brasil esse ano, embora tenha sido lançada no exterior em 1996. O fator motivador para o lançamento em nossas terras foi a transformação de A Guerra dos Tronos em um série televisiva pela HBO. 
            O autor é George R. R. Martin, um americano que vem sendo considerado o sucessor de Tolkien no quesito literatura fantástica medieval. O livro As Crônicas de Gelo e Fogo é considerado sua maior obra. 
            A trama se passa na terra de Westeros, onde verões podem durar meses e invernos podem durar anos. Depois de um prólogo bastante sombrio, somos apresentados à Casa Stark, uma família de nobres do Norte. Lorde Eddard Stark é o patriarca, casado com a senhora Catelyn Stark, e possui seis filhos: Robb, Sansa, Bran, Arya, Rickon e o bastardo Jon Snow. 
    Aqui vem um dos aspectos mais interessantes do livro: ao invés de seguirmos apenas um personagem através de uma sucessão linear de capítulos, temos uma narrativa em terceira pessoa na qual o narrador acompanha diversos personagens. As ações ocorrem simultaneamente em cada núcleo, que gira em torno de um personagem, que é apresentada e narrada em um capítulo específico para ela. Assim, não há um único protagonista, pois cada personagem é o protagonista em seu núcleo. Mesmo assim, todos esses núcleos acabam brilhantemente dialogando.
                Depois das introduções e caracterizações dos personagens, somos levados à trama principal: Lorde Eddard é convidado por seu amigo, o Rei Robert da Casa Baratheon, a servir como Mão do Rei – o principal conselheiro do Rei, que põem em prática suas decisões – por conta da morte da Mão anterior, Jon Arryn. Nesse ponto, o livro sinaliza para o leitor que mudanças drásticas acontecerão na trama, de maneira que se torna quase impossível adiar a leitura dos próximos capítulos - tamanha a expectativa quanto ao futuro dos Reinos.
     De fato, a expectativa só aumenta, pois Eddard aceita o convite. O que leva Eddard, “Ned” para os próximos, a aceitar o cargo é a carta que sua esposa, Catelyn, recebe de sua irmã e viúva de Jon Arryn, Lysa Arryn. Assim, Lysa discorre sobre a suspeita que tem da Rainha Cersei Lannister, já que acredita que ela tenha tramado a morte de seu marido. Esse é um dos fatores que dão à trama um ar de suspense e mistério enquanto muitas batalhas entre os reinos se desenrolarão. Essa mistura entre os tipos de romance, mistério, drama, aventura, parecem ter sido a sacada genial do autor.
     Com um enredo cheio de intrigas, reviravoltas, diferentes cenários e personagens apaixonantes, a leitura do livro se torna hipnotizante.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O homem nu - Parte final

 Para quem ficou curioso e ainda não havia lido o final, aí está a última parte. Acho que as versões qu vocẽs fizeram ficaram mais criativas!

Beijos



Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.

Esta é uma das crônicas mais famosas do grande escritor mineiro Fernando Sabino. Extraída do livro de mesmo nome, Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O HOMEM NU

Oi Galera,

Leiam o fragmento do conto e deem continuidade à história, vamos exercitar a criatividade! Não vale ver o final original antes, hem? Bom trabalho e até segunda!




O Homem Nu
Fernando Sabino

Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.

(agora é com você!)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Conto-te o conto

O conto dessa semana é "O Cachorro canibal", de José J. Veiga. Façam a leitura e depois as observações e comentários no caderno (quem quiser, também pode comentar aqui mesmo). Espero que NÃO gostem, afinal, a Literatura tem que causar espanto!

=)

Acessem o link:

http://www.tirodeletra.com.br/Ocachorrocanibal-JoseJ.Veiga.htm

Escrever... por Graciliano Ramos



"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

sábado, 5 de maio de 2012

Conversinha mineira adaptada

Olha só, no vídeo os estereótipos ficam ainda mais visíveis (que coisa!)


Eis o conto!


Olá, caros estudantes!

Lembrem-se que há duas tarefas para segunda-feira (e para a105, terça). A primeira é a resolução dos exercícios que passei sexta, a respeito do texto Drama de Angélica; A segunda é a leitura e resumo/comentário da crônica Conversinha Mineira (logo abaixo). Como o texto é curto, sugiro que façam mais um comentário do que um resumo, observem os aspectos extratextuais e os implícitos do texto.

Bom final de semana, com bastante trabalho.

Beijos e até segunda. 





Conversinha Mineira
Fernando Sabino

-- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?

-- Sei dizer não senhor: não tomo café.

-- Você é dono do café, não sabe dizer?

-- Ninguém tem reclamado dele não senhor.

-- Então me dá café com leite, pão e manteiga.

-- Café com leite só se for sem leite.

-- Não tem leite?

-- Hoje, não senhor.

-- Por que hoje não?

-- Porque hoje o leiteiro não veio.

-- Ontem ele veio?

-- Ontem não.

-- Quando é que ele vem?

-- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.

-- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!

-- Ah, isso está, sim senhor.

-- Quando é que tem leite?

-- Quando o leiteiro vem.

-- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?

-- O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?

-- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?

-- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.

-- E há quanto tempo o senhor mora aqui?

-- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.

-- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?

-- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.

-- Para que Partido?

-- Para todos os Partidos, parece.

-- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.

-- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...

-- E o Prefeito?

-- Que é que tem o Prefeito?

-- Que tal o Prefeito daqui?

-- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.

-- Que é que falam dele?

-- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.

-- Você, certamente, já tem candidato.

-- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.

-- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?

-- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

Texto extraído do livro "A Mulher do Vizinho", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1962, pág. 144.

domingo, 29 de abril de 2012

Felicidade Clandestina

Oi, pessoal.

Aqui vai o link do conto, é o primeiro da lista: Felicidade Clandestina. Todos devem ler e depois comentamos em sala sobre a leitura.

Abraços e bom feriado.


http://colegioriobrancoobjetivo.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Livros_do_Pas/110526074330o_ovo_e_a_galinha_e_felicidade_clandestina.pdf

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Parabéns, 1º Ano!

Parabenizo a todos os alunos que se dedicaram e fizeram com carinho o trabalho de análise linguística. Fiquei muito satisfeita com o empenho com que realizaram as entrevistas e principalmente o Relatório Final. Todos os grupos conseguiram utilizar os termos, conceitos e conteúdos aprendidos  em sala e realizar uma análise crítica. Alguns ainda precisam melhorar as condições de organização, apresentação e execução das atividades propostas, mas no geral o resultado foi muito positivo. Sou muito feliz por dar aula para vocês!

Um grande abraço,

Profª Lorena

sábado, 31 de março de 2012

FIGURAS DE LINGUAGEM

Olá pessoal!

É sábado, mas as AEs se aproximam, então, para quem quer revisar o conteúdo e pegar umas dicas, as postagens abaixo podem ajudar. 

Vocês podem estudar também através das anotações feitas em sala, do livro didático e do material impresso que entreguei para vocês. Dúvidas, estou por aqui. 

Abraços!!

Figuras de linguagem são construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem nova.
Toda gente homenageia Januária na janela.”(Chico Buarque)
Existe nesta mensagem uma figura de linguagem: a aliteração, que provoca um efeito novo à frase (repetição de fonema j/g).
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”. (Chico Buarque de Holanda)
Há nesta mensagem uma figura de linguagem: a comparação, que provoca um efeito novo à frase (sentir tanto que dá a impressão de ter morrido).


Tipos de figuras de linguagem


FIGURAS DE SOM

  1. Aliteração: é a repetição proposital e ordenada de sons consonantais idênticos ou semelhantes. O efeito serve para reforçar a imagem que se quer transmitir.
Chove chuva chovendo
Que a cidade de meu bem
Está-se toda se lavando” (Oswald de Andrade)
A repetição do som ch enriquece a idéia de chuva.

bela bola rola:
bela bola do Raul.” (Cecília Meireles)
Note como a repetição do fonema B pode sugerir a idéia de bola.

Pelé, pelota, peleja. Bola, bolão, bolaço. Pelé sai dano balõeszinhos.
Vai, vira, voa, vara, quem viu, quem previu? GGGGoooolll.”
(Carlos Drummond de Andrade)
A repetição de alguns fonemas empresta ao enunciado o ritmo de jogo de futebol.

2. Assonância: é a repetição proposital de sons vocábulos idênticos ou semelhantes.
A linha femininé carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingapuba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.” (Gregório de Matos Guerra)
Note que, além das aliterações, existem sons vocálicos usados repetidamente: a, i, u.

3. Paranomásia: é o uso de sons semelhantes em palavras próximas.
Aquela estrela é dela
Vida, venta, vela, leva-me daqui.” (Raimundo Fagner)
“Eu, você, João girando na vitrola sem parar
fossa , a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos Lyra)

4. Onomatopéia: consiste na representação de certos sons, produzidos por animais ou coisas, ou mesmo de certos sons humanos.
“o pato
Vinha cantando alegremente
Quem, quem
Quando o marreco sorridente
Pediu
Para entrar também no samba...” (João Gilberto)


FIGURAS DE PALAVRAS OU DE PENSAMENTO
1. Comparação: é uma figura que consiste em identificar dois elemntos a partir de uma característica comum.
“Meu primo era belo como um Adônis.”(Lygia Fagundes Telles)
“Tio Dácio parecia bravo que nem fera.” (Alcântara Machado)
“Doramundo é alto feito um poste.” (Sergio Porto)

Uma comparação percorre as seguintes etapas:
● termo comparado → Doramundo
termo comparante → poste
● termo comparativo→ feito
● ponto de comparação→ a altura

Na comparaçãao é obrigatória a presença do termo comparativo (como, feito, que nemetc.).

2. Metáfora: é o resultado de uma comparação mental.
“Tio Dácio era uma fera!”
“Doramundo era um poste.”
A metáfora consiste na semelhança entre a idéi a ser definida e a idéia que com ela se relaciona.
- Meu primo= idéia a ser defendida.
Meu primo é um Adônis. → - Adônis= idéia com que se relaciona.

Na metáfora não aparece o termo da comparação (como, que nem, feito) explicíto.

3. Catacrese: consiste em fazer uso de uma metáfora forçada, já desgastada pelo uso. O nome catacrese significa “abuso”.
 de mesa, barriga da perna, enterrar uma agulha, aterrissar em alto-mar

4.Metonímia ou sinédoque

A associação de termos e idéias relacionados provoca, às vezes, a substituição de um termo por outro. Essa figura de linguagem é chamada metonímia, palavra que significa “mudança de nome”.Metonímia quer dizer mudança de nome. A relação de sentido e a associação de idéias provocam, às vezes, a substituição de um termo por outro.
Note, por exemplo, quando se diz: “Estou vendo o Spielberg de novo”, dando a entender: “Estou vendo o filem de Spielberg”.
Trata-se da substituição do autor pela obra, figura bastante fácil de ocorrer. Temos metonímia nas seguintes situações:

  1. Substituição do autor pela obra:
Ler Machado de Assis”, em vez de a obra de Machado de Assis.

  1. Substituição de continente pelo conteúdo:
Tomar um copo d’água”, em vez de a água que estava no copo.

  1. Substituição da causa pelo efeito:
Viver de trabalho”, em vez do produto do trabalho.
Ganhar a vida”, em vez de ganhar os meios de vida.

  1. Substituição do efeito pela causa:
Sua a camisa para viver”, em vez de sua a camisa porque trabalha muito para viver.

  1. Substituição do todo pela parte ou da parte pelo todo:
Morar na cidade”, em vez de numa parte da cidade.
Não ter teto onde morar”, em vez de casa para morar.

  1. Substituição da matéria pelo objeto:
Ele não vale um níquel”, em vez de uma moeda feita de níquel.

  1. Substituição do lugar ou marca pelo produto:
Fuma um havana”, em vez de um charuto fabricado em Havana.
Tomar uma brahmas”, em vez de cervejas fabricas pela Brahma.

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