sexta-feira, 22 de junho de 2012

Discurso Indireto Livre nos contos

Olá, fiéis companheiros de leitura!


Esse conto chama-se "Baleia", que é um conto independente, mas também uma parte do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O livro marca a história de uma família de retirantes, que enfrenta uma grande seca nos solos nordestinos. Baleia é o cachorro da família, quase mais humano do que eles.

Leiam o conto e tentem marcas as passagens em que ocorre DISCURSO INDIRETO LIVRE. Esse tipo de discurso ocorre quando um personagem pensa ou fala, mas o narrador não avisa ao leitor, insere tal pensamento ou ideia sem uso de aspas, travessões, ou mesmo verbos do tipo: disse, falou, perguntou, pensou, dentre outros.

Façam também um pequeno comentário ou, quem preferir, um resumo.

O link para o conto é:
http://www.tirodeletra.com.br/conto_canino/Baleia.htm


Segunda-feira, explico o discurso indireto livre e discutimos sobre o conto.
 Dicas sobre isso no livro e no link: http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/


Um abraço e até segunda, muchachos!!

domingo, 17 de junho de 2012

Dicas sobre a resenha a ser produzida

Olá, caríssimos! 

Escrever é uma atividade que exige concentração, atenção, revisão, mas, sobretudo, AUTORIA. Autoria é escrever com propriedade, com os conhecimentos que possuímos e com estilo próprio. Sendo assim, espero que vocês escolham um objeto cultural e façam uma crítica com base no que sabem! Não é necessário encontrar informações que não entendem, ou com as quais não concordam só para deixar o texto longo! 


Outra dica, que sempre evidencio em sala é o PLANEJAMENTO. Texto sem um roteiro tem muita chance de sair truncado, com problemas de articulação. Por isso, tentem adequar seus textos a esse roteiro básico:


Roteiro completo, com exemplificações e exercícios (passados em sala) nas páginas 483 a 488 do livro didático. 

TEXTO 
1º parágrafo: Introdução - Apresentação da obra, na qual poderá ser usada alguma intertextualidade. 
2º parágrafo: Descrição técnica - Data, origem, atores/diretor/autor, etc.
3º parágrafo: Resumo - Descrição sumária do enredo, ou, no caso de jogos e discos, descrição breve das características deles. 
4º parágrafo: Apreciação: Ressaltar pontos negativos e positivos da obra; fazer recomendação; finalizar.


Obs. Essa é uma ideia de como dividir os parágrafos, contudo, vocês podem dividir o texto em mais parágrafos se achar necessário. 
* Lembrar de usar sinônimos e hiperônimos no texto (coesivos estudados em sala). Eles também podem marcar uma apreciação positiva ou negativa.
Por exemplo: O DISCO = Essa pérola da música popular brasileira (apreciação positiva)
                                      = O álbum fracassado (apreciação negativa)


APRESENTAÇÃO:
- Indicação no cabeçalho do nome, número e turma do aluno;
- Preferencialmente em folha de papel almaço (nesse caso, produzir as informações acima na capa);
- Texto manuscrito, com letra legível, em até uma lauda/folha;
- Respeitar as margens, retirar picotes, não amassar, nem rasurar o trabalho. 


CORREÇÃO


Serão avaliados seis critérios, totalizando 20 escores. São eles:


Gênero (3 escores)
Argumentação/Informatividade (4 escores)
Coesão (4 escores)
Coerência (3 escores)
Gramaticalidade (4 escores) 
Apresentação (2 escores) 




Dúvidas? Deixem um recado!


Bom trabalho, com moral alta! 



sábado, 9 de junho de 2012

O conto da semana!


A escolha desse autor foi uma recomendação do aluno Batalha, muito significativa e propícia, pois Dalton Trevisan é um escritor curitibano e ganhou, nesse ano, o Prêmio Camões de Literatura. Obrigada, Batalha!

Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

Texto extraído do livro 
"Vinte Contos Menores",  Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.
Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.

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