Olá, fiéis companheiros de leitura!
Esse conto chama-se "Baleia", que é um conto independente, mas também uma parte do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O livro marca a história de uma família de retirantes, que enfrenta uma grande seca nos solos nordestinos. Baleia é o cachorro da família, quase mais humano do que eles.
Leiam o conto e tentem marcas as passagens em que ocorre DISCURSO INDIRETO LIVRE. Esse tipo de discurso ocorre quando um personagem pensa ou fala, mas o narrador não avisa ao leitor, insere tal pensamento ou ideia sem uso de aspas, travessões, ou mesmo verbos do tipo: disse, falou, perguntou, pensou, dentre outros.
Façam também um pequeno comentário ou, quem preferir, um resumo.
O link para o conto é:
http://www.tirodeletra.com.br/conto_canino/Baleia.htm
Segunda-feira, explico o discurso indireto livre e discutimos sobre o conto.
Dicas sobre isso no livro e no link: http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/
Um abraço e até segunda, muchachos!!
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Outra dica, que sempre evidencio em sala é o PLANEJAMENTO. Texto sem um roteiro tem muita chance de sair truncado, com problemas de articulação. Por isso, tentem adequar seus textos a esse roteiro básico:
TEXTO
1º parágrafo: Introdução - Apresentação da obra, na qual poderá ser usada alguma intertextualidade.
2º parágrafo: Descrição técnica - Data, origem, atores/diretor/autor, etc.
3º parágrafo: Resumo - Descrição sumária do enredo, ou, no caso de jogos e discos, descrição breve das características deles.
4º parágrafo: Apreciação: Ressaltar pontos negativos e positivos da obra; fazer recomendação; finalizar.
Obs. Essa é uma ideia de como dividir os parágrafos, contudo, vocês podem dividir o texto em mais parágrafos se achar necessário.
* Lembrar de usar sinônimos e hiperônimos no texto (coesivos estudados em sala). Eles também podem marcar uma apreciação positiva ou negativa.
Por exemplo: O DISCO = Essa pérola da música popular brasileira (apreciação positiva)
= O álbum fracassado (apreciação negativa)
APRESENTAÇÃO:
- Indicação no cabeçalho do nome, número e turma do aluno;
- Preferencialmente em folha de papel almaço (nesse caso, produzir as informações acima na capa);
- Texto manuscrito, com letra legível, em até uma lauda/folha;
- Respeitar as margens, retirar picotes, não amassar, nem rasurar o trabalho.
CORREÇÃO
Serão avaliados seis critérios, totalizando 20 escores. São eles:
Gênero (3 escores)
Argumentação/Informatividade (4 escores)
Coesão (4 escores)
Coerência (3 escores)
Gramaticalidade (4 escores)
Apresentação (2 escores)
Dúvidas? Deixem um recado!
Bom trabalho, com moral alta!
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
domingo, 17 de junho de 2012
Dicas sobre a resenha a ser produzida
Olá, caríssimos!
Escrever é uma atividade que exige concentração, atenção, revisão, mas, sobretudo, AUTORIA. Autoria é escrever com propriedade, com os conhecimentos que possuímos e com estilo próprio. Sendo assim, espero que vocês escolham um objeto cultural e façam uma crítica com base no que sabem! Não é necessário encontrar informações que não entendem, ou com as quais não concordam só para deixar o texto longo!Outra dica, que sempre evidencio em sala é o PLANEJAMENTO. Texto sem um roteiro tem muita chance de sair truncado, com problemas de articulação. Por isso, tentem adequar seus textos a esse roteiro básico:
Roteiro completo, com exemplificações e exercícios (passados em sala) nas páginas 483 a 488 do livro didático.
1º parágrafo: Introdução - Apresentação da obra, na qual poderá ser usada alguma intertextualidade.
2º parágrafo: Descrição técnica - Data, origem, atores/diretor/autor, etc.
3º parágrafo: Resumo - Descrição sumária do enredo, ou, no caso de jogos e discos, descrição breve das características deles.
4º parágrafo: Apreciação: Ressaltar pontos negativos e positivos da obra; fazer recomendação; finalizar.
Obs. Essa é uma ideia de como dividir os parágrafos, contudo, vocês podem dividir o texto em mais parágrafos se achar necessário.
* Lembrar de usar sinônimos e hiperônimos no texto (coesivos estudados em sala). Eles também podem marcar uma apreciação positiva ou negativa.
Por exemplo: O DISCO = Essa pérola da música popular brasileira (apreciação positiva)
= O álbum fracassado (apreciação negativa)
APRESENTAÇÃO:
- Indicação no cabeçalho do nome, número e turma do aluno;
- Preferencialmente em folha de papel almaço (nesse caso, produzir as informações acima na capa);
- Texto manuscrito, com letra legível, em até uma lauda/folha;
- Respeitar as margens, retirar picotes, não amassar, nem rasurar o trabalho.
CORREÇÃO
Serão avaliados seis critérios, totalizando 20 escores. São eles:
Gênero (3 escores)
Argumentação/Informatividade (4 escores)
Coesão (4 escores)
Coerência (3 escores)
Gramaticalidade (4 escores)
Apresentação (2 escores)
Dúvidas? Deixem um recado!
Bom trabalho, com moral alta!
sábado, 9 de junho de 2012
O conto da semana!
A escolha desse autor foi uma recomendação do aluno Batalha, muito significativa e propícia, pois Dalton Trevisan é um escritor curitibano e ganhou, nesse ano, o Prêmio Camões de Literatura. Obrigada, Batalha!
Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.
Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.
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