"Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos (...) " Zé Ramalho
As mudanças sociais impulsionaram as mudanças no comportamento feminino. O que não se pode perder de vista é que essa busca sempre foi baseada na busca pela igualdade de direitos, e não na competitividade entre os sexos. Inclusive, quando o assunto é igualdade de gêneros, fala-se em "luta feminina", "conquista feminina", mas é importante nos questionarmos até que ponto essas expressões fazem juz ao processo social e histórico que vem acontecendo não "com as mulheres", mas "do qual elas participam".
Um dos argumentos que me chamou atenção nos textos produzidos pelos alunos foi a recorrência ao fator biológico e social. Explica-se. Segundo a biologia, na maioria das espécies a "fêmea" (que não se interprete no sentido pejorativo) é responsável pela seleção daquele que terá mais chances de lutar pela sobrevivência. É claro que atualmente na espécie humana esse já não é mais um fator exclusivo de escolha. Como seres racionais e munidos de sentimentos, nos relacionamos pela afetividade, atração, dentre outros aspectos. Acontece que há alguns milhares (milhões?) de anos, não era assim. Nossa espécie também lutava, no processo evolutivo, pela sobrevivência. Os organismos masculinos e femininos eram projetados para tal. A partir dos processos de evolução física e cognitiva fomos nos desenvolvendo até os dias atuais, onde a "luta pela sobrevivência" complexificou-se a ponto de exigir muitas outras capacidades que não apenas físicas. Nesse sentido, a mulher deslocou-se de sua função exclusiva de dona do lar para outros segmentos da sociedade.
Além disso, a evolução (se é que se pode chamar assim) cultural e científica forneceu bases para novas atividades humanas, em certos casos, praticamente obrigando as mulheres sairem de casa e enfrentar o mundo capitalista, buscando a remuneração financeira, moeda de troca contemporânea. Por isso, é importante termos bem claro que a mistificada "revolução feminina" é fruto não apenas de uma vontade inerente e direita, mas também uma necessidade. ´
São muitas histórias, de muitas Marias que sonham com a vida de dona de casa e outras tantas Marias que sonham com o comando de Exércitos. Em tempos de dissolução de fronteiras e quebra de preconceitos há espaço para todos os tipos de mulheres, só não há espaço para a homogeneização de pensamentos e estereotipações.
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